quinta-feira, 2 de junho de 2011

-FEDOR NO RIO DE JANEIRO-


Sexta feira a noite, Jade sai do escritório cansada e aliviada para um happy (não tão happy assim!) hour com sua melhor amiga, Maria Isabel (ou Bebel, como todo mundo me conhece). Se encaminhou para o boteco de sempre, o Buteco Du Xulé, e quando chegou  me avistou e já gritei antes de nos abraçarmos “Xulé, desce duas loiras!” o Xulé, um cara bonitão, perto dos 5.0, muito parecido com o ator Javier Bardem, gritou “Opa, opa, mas nessa mesa só vai ter loira? Vou sentar ai também!” ao que respondi, pingando pimenta... “Vai pro inferno, Xulé, desce as ‘brejas’ e me deixa bater papo com minha amiga... aproveita e desce uma porção daquele pernil com Coca cola da tua mulher!”
Nisso nós duas sentamos pra esperar o gostosão do Xulé trazer os pedidos... Enquanto isso “Amiga... Conforme minha promessa, vou te contar as novidades da minha primeira semana depois de ser transferida pela firma para o Rio de Janeiro. Tinha terminado de arrumar as coisas no meu novo apartamento. Ficou uma gracinha, mas estava exausta. Eram dez da noite e já estava pregada.” Chega a breja e o pernil e o Xulé dá aquela olhada na linda Jade, sai fora, meio que olhando pra trás e a Jade pergunta “Ué! Vocês não são amantes? E ele paquera na tua frente?” eu dou uma risadinha maquiavélica “Ele paquera todas, mas quando quer prazer de verdade cai na minha cama! Mas continua a história!”  
Então... Segunda-Feira: Cheguei na firma e já adorei. Entrei no elevador quase no mesmo instante que o homem mais lindo desse planeta. Ele era loiro, de olhos verdes e o corpo musculoso parecia querer arrebentar o terno. Lindooooo! Fiquei apaixonada. Olhei disfarçadamente a hora no meu relógio de pulso e fiz uma promessa de estar parada defronte ao elevador todos os dias a essa mesma hora. Ele desceu no andar da engenharia. Conheci o pessoal do setor, todos foram atenciosos comigo. Até o meu chefe foi super delicado. Fiquei maravilhada com a cidade. Cheguei em casa e comi comida enlatada, prometendo-me que no dia seguinte compraria alguma coisa.


Terça-Feira: Amiga! Preciso contar. Sabe aquele homem de quem falei? Ele olhou para mim e sorriu quando entramos no elevador. Fiquei sem ação e baixei a cabeça. Como sou burra! Passei o dia no trabalho pensando que precisava fazer um regime. Me olhei no espelho naquela manhã e percebi que estava com uma barriguinha indiscreta. Fui ao mercado e só comprei coisinhas leves: biscoitos, legumes e chás. Resolvido! Estava de dieta.
Quarta-Feira: Acordei com dor-de-cabeça. Acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. Preciso manter-me firme na dieta. Quero emagrecer dois quilos até o fim-de-semana. Ah! Descobri que o nome dele era Marcelo. Ouvi um amigo dele falando com ele no elevador. E ainda tem mais: descobri que ele tinha desmanchado o noivado há dois meses e estava sozinho. Todas as meninas do andar estavam dando em cima e eu com aquela bobeira de timidez. Naquele dia consegui sorrir para ele quando entrou no elevador e me cumprimentou. Estava progredindo, né? Eu só pensava em como faria para me insinuar sem parecer vulgar! Comprei um vestido dois números menor que o meu. Seria a minha meta. Entrar no vestido ate o fim da semana! Situações drásticas requerem medidas drásticas!
Quinta-Feira: O Marcelo me cumprimentou ao entrar no elevador. Seu sorriso iluminou tudo! Ele me perguntou se eu era a arquiteta que viera transferida de São Paulo e eu só fiz: 'U-hum'... Ele me perguntou se eu estava gostando do Rio e eu disse: 'U-hum'. Aí ele perguntou se eu já havia estado antes aqui e eu disse: 'U-hum'. Então ele perguntou se eu só sabia falar 'U-hum' e eu respondi: 'Ã-hã'. Será que fui muito evasiva? Será que eu deveria ter falado um pouco mais? Ai, amiga! Fiquei tão apaixonada! Estava resolvida! No dia seguinte eu ia perguntar se ele não gostaria de me mostrar o Rio de Janeiro no final de semana. Quanto ao resto, bem...Andava com muita enxaqueca. Acabei quebrando meu regime nesse dia.Foi a pior coisa que fiz NO MUNDO!!! Fiz uma sopa de legumes. Esperando que não me engordasse demais.
Sexta-Feira: Amiga! Estava arruinada! FOI A PIOR SEXTA-FEIRA DO MUNDO... Na 5° à noite não resisti e me empanturrei. Coloquei bastante batata-doce na sopa, além de couve, repolho e beterraba. Menina, saí de casa que parecia um caminhão de lixo. Como eu peidava! (nossa! Você não imagina a minha vergonha de contar isto, mas se eu não desabafar, vou me jogar pela janela!). No metrô, durante o trajeto para o trabalho, bastava um solavanco para eu soltar um futum que nem eu mesma suportava. Teve um momento em que alguém dentro do trem gritou: 'Aí! Peidar até pode, mas jogar merda em pó dentro do vagão é muita sacanagem... que esculaxo!' Uma senhora gorda foi responsabilizada. Todo mundo olhava para ela, tadinha. Ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu aproveitava cada mudança de cor para soltar outro. O meu maior medo era prender e sair um barulhento. Eu estava morta de vergonha. Desci na estação e parei atrás de uma moça com um bebê no colo, enquanto aguardava minha vez de sair pela roleta. Aproveitei e soltei mais um. O senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse: 'Dona! É melhor a senhora jogar esse bebê fora porque ele está estragado!'.
Na entrada do prédio onde trabalho tem uma senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô. Pois eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastel, justo na hora em que o futum se espalhou. O sujeito jogou o pastel no lixo e reclamou: 'Pó, dona Maria! Esse pastel tá bichado!' Entrei no prédio resolvida a subir os dezesseis andares pela escada. Meu azar foi que o Marcelo ficou segurando a porta, esperando que eu entrasse. Como não me decidia, ele me puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar. Já no terceiro andar ficamos sozinhos. Cheguei a me sentir aliviada, pois assim a viagem terminaria mais rápido.
Pensei rápido demais!!!
O elevador deu um solavanco e as luzes se apagaram. Quase instantaneamente a iluminação de emergência acendeu. Marcelo sorriu (ai, aquele sorriso...) e disse que era a bruxa da sexta-feira. Era assim mesmo,logo a luz voltaria, não precisava se preocupar. Mal sabia ele que eu estava mesmo preocupada.
Ele veio chegando, sabia que ele ia me beijar e querer dar uns amassos no elevador quebrado, mas amiga, juro que tentei prender. Mas antes que saísse com estrondo, deixei escapar. Abaixei e fiquei respirando rápido, tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo mal, com falta de ar. Já se imaginou numa situação dessas? Peidar e ficar tentando aspirar o peido para que o homem mais lindo do mundo não perceba que você peidou? Ele ficou muito preocupado comigo e, se percebeu o mau cheiro, não o demonstrou. Quando achei que a catinga havia passado, voltei a respirar normal. Disse para ele que eu era claustrofóbica. Mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda pior que o anterior. O coitado dessa vez ficou meio azulado, mas ainda não disse nada. Abaixei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como uma mulher em estado de parto. Dessa vez Marcelo ficou afastado, no canto mais distante de mim no elevador. Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola dos meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso. Ele ficou lá, no canto, impávido. Nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro. Ele se desesperou e começou a apertar a campainha de emergência. Coitado! Ele esmurrou a porta, gritou, esperneou, e eu lá, na respiração cachorrinho. Quando a catinga dissipou, ele se acalmou. As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ele me viu chorando, enxugou meus olhos e disse: 'Meus olhos também estão ardendo...' Eu juro que pensei que ele fosse dizer algo bonito. Aquilo me magoou profundamente. Pensei:'Ah, é, FDP? Então acabou a respiração cachorrinho...' Depois disso, no primeiro ele cobriu o rosto com o paletó. No segundo, enrolou a cabeça. No terceiro, prendeu a respiração, no quarto, ele ficou roxo. No quinto, me sacudiu pelos braços e berrou: 'Mulher! Pára de se cagar!'. Depois disso ele só chorava. Chorou como um bebê até sermos resgatados, quatro horas depois.
Entrei no escritório e pedi minha transferência de volta para casa, mas se não desse pra cá, de preferência pra outro País.
Depois de muitas gargalhadas e lágrimas de riso, depois 5 Bebassas e 2 porções de pernil, as duas riam sem parar e os bêbados do Buteco du Xulé só olhavam pras duas gostosas bêbadas!
Em tom de confidência a Jade pede “Promete que não conta esse meu mico pra ninguém? Já Sou conhecida como Jade – A Azarada, depois de uma dessas o apelido pega de vez... isso se não me chamarem de peidorreira!”


Bebel, fazendo figa atrás das costas responde “Tá prometido! Corto minha lingua mas não vou FALAR pra ninguém!”
Foi exatamente por isso que eu não FALEI pra ninguém!  Eu ESCREVI e vocês é que vieram LER! KKK!
Beijoks safardanas... (safada + sacana)




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